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software não é caneta

01/06/21

3 min de leitura

software não é caneta

Software não é Caneta

Sylvestre MergulhãoSylvestre Mergulhão

Software não é caneta 🖊

Quando eu paro e explico o que são as metodologias ágeis para as pessoas, faz tanto sentido que recebo a seguinte pergunta: “Mergulhão, mas ainda existem empresas de tecnologia que não trabalham desta forma?”

Sim, existem… A maioria das empresas! E por quê?

Por uma disfunção. Há empresas que tentam fazer produtos digitais da mesma forma que se produz uma caneta.

Como se produz uma caneta

Temos o processo de pesquisa, o desenvolvimento e a descoberta do produto ideal. A partir deste produto final, é feito um molde, criam-se as máquinas, produz-se a tinta, jogam-se os insumos e nasce a caneta, que é replicada muitas e muitas vezes.

Tenta-se aplicar essa mesma estrutura de produção aos produtos digitais. Você pesquisa, desenvolve, depois monta e replica. Isso não funciona! Não há como fabricar um produto digital como se fabrica um produto físico. Um produto digital requer um processo contínuo de pesquisa, desenvolvimento e validação.

Como se produz um software ou produto digital

Todo trabalho de P&D depende de pessoas e de esforço criativo, não de máquinas. Por isso, é impossível estimar tudo com precisão milimétrica. Você tem centenas de variáveis neste cenário, que não têm a ver com simplesmente ligar uma máquina na tomada e colocá-la para reproduzir milhares de vezes a mesma coisa.

É no confronto com os usuários, com o mercado, com a concorrência, que as situações vão acontecendo e os desafios aparecendo. Como disse o marechal de guerra Helmuth von Moltke:

“Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo”. 

💡 Agora, pense: se uma única fábrica de canetas muda seu produto baseada no comportamento dos seus consumidores, imagine o que fará uma empresa de desenvolvimento de produtos digitais que lida com diferentes projetos ao mesmo tempo e com públicos de comportamento e interesses dinâmicos.

Assim, as empresas old school criam um modelo de cascata, com diagramas lindos que funcionam só no papel. Cada vez mais processos são criados para cuidar dos próprios processos, sempre buscando a previsibilidade que, no fim das contas, é inalcançável.

É trabalho para garantir que o trabalho está sendo feito, percebe? 

São equipes e esforços enormes que não focam no resultado. A verdade é que mais vale uma tecnologia mais simples que funcione e que pode ser continuamente melhorada – à medida que é usada e testada – do que um projeto de uma uma nave espacial que não sai do laboratório. 

Os métodos ágeis nasceram para facilitar o gerenciamento dos projetos de tecnologia que, antes, nunca eram entregues. Ou, quando eram finalizados, já não funcionavam bem para o cenário atual. Independente disso, a verdade é que os métodos ágeis podem ser aplicados para processos de trabalho em praticamente qualquer área.

É melhor fazer entregas semanais, o que chamamos de sprints ou iterações, e medir, analisar, do que segurar. Esse modelo erra rápido e corrige rápido. O velho modelo erra devagar, e, quando precisa ser refeito, talvez nem faça mais sentido.

Mas tudo só pode ser entendido mais claramente quando damos os nomes certos aos bois. Criar um grande produto digital é um processo de pesquisa, desenvolvimento e validação com muitas variáveis envolvidas. Software não é caneta.

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