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🛑 PARE E NÃO DECIDA AGORA!
Ok, agora eu tenho sua atenção, não é?
Provavelmente você encontrou este artigo no intervalo entre muitas das decisões que precisa tomar no seu dia a dia. E são tantas que vão nos sufocando, que nem pensamos em COMO tomamos nossas decisões.
Se você já assistiu Suits (uma série incrível que fala muito sobre o ambiente dos escritórios de advocacia), provavelmente já percebeu o impacto que decisões erradas podem tomar para os negócios como um todo. Afinal, basta ver o quanto as ações do Mike, feitas de forma impulsiva, trouxeram dores de cabeça, muitas vezes, para a Jessica. Da mesma forma que o Harvey tem um perfil mais calculista e analítico, e sabe o timing certo de agir.
É uma série, ficcional, eu sei. Mas, convenhamos… isso é muito diferente da realidade que você encara no seu dia a dia?
É daí que trago minhas reflexões.
Mike, cobrado muitas vezes para tomar decisões rapidamente, mete os pés pelas mãos. Tanto que uma das frases mais célebres da série vem, justamente, de um dos (vários) erros que ele acaba cometendo em um desses momentos.
“Quando alguém colocar uma arma na sua cabeça, a questão não é se render ou ser morto. Você ainda tem mais 146 formas de sair desta situação.” – Harvey Specter
Mas, para encontrar essas 146 formas, o que é preciso?
Ser menos impulsivo e mais analítico. Esperar. Não tomar uma decisão agora. Por isso, de novo: PARE. ESPERE. NÃO TOME DECISÕES AGORA!
O desconforto da espera
Mas, Mira, esperar não é procrastinar? Não é deixar uma eventual crise começar?
Olha, eu entendo esse pensamento. Afinal, somos bombardeados o tempo todo com uma ideia de imediatismo. Quase uma Síndrome de Coelho da Alice constante: “Ai, ai! Já é tarde!” 🐰
Estamos o tempo todo condicionados a ideia de que o momento atual já é um atraso. Já deveríamos ter feito algo. Seremos superados pelos concorrentes se não agirmos logo. E com isso, somos empurrados para agir. Mas agir de qualquer forma, também, pode ser um grande erro! A decisão precisa ser a certa, e não a necessariamente rápida.
Porém, não é adiar tudo para o fim, agindo apenas quando não há mais o que fazer. E sim entender: essa decisão precisa ser tomada agora? Se não, eu posso buscar novas informações para atacar o problema de forma mais acertada? Se sim, então é pé no freio. Não precisa de tanta urgência.
Quando esperamos, podemos ter uma compreensão melhor da questão a ser resolvida, podendo ampliar nossos horizontes. Afinal, nunca um problema tem uma forma só de abordagem ou uma implicação única.
Agile e tomada de decisões
E se você, que trabalha com times de tecnologia, quer superar este desconforto, eu tenho uma sugestão interessante: incorpore um dos princípios do XP (Extreme Programing) em seus processos.
Um dos pontos que o XP traz é, justamente, esperar o Último Momento Responsável (Last Responsible Moment). Pense: eu realmente preciso tomar essa decisão agora? Ou, ainda, preciso fazer todas essas ações nesse momento? 🧠
Você pode sobrecarregar seu workflow com excesso de decisões imediatas, além de perder oportunidades de ter uma visão mais ampliada da situação. Esperar por este momento pode ter alguns benefícios. Eu sempre penso em 3 pontos fundamentais para adotar o Last Responsible Moment:
- Menos tempo trabalhando em “possibilidades” e mais em coisas concretas;
- Muitas vezes, você nem precisará tomar esta decisão. Já passei por inúmeras situações em que o “Último Momento Responsável” nunca chegou. Ou seja, as vezes pensamos em questões que nem vão fazer parte do projeto no final;
- Em alguns casos, esperar faz com que novas ideias, possibilidades, soluções e formas de fazer surjam, tornando os processos mais eficientes. 🚀
Mas, isto não significa detalhar demais
Não é por esperar até o Último Momento Responsável que você deve perder tempo útil esmiuçando os pormenores para tomar a decisão. Muitas vezes, um excesso de informações vai ser altamente danoso também.
Além disso, se perder em um mar de dados pode lhe travar sobre o que fazer. Isso não é agir de forma estratégica, mas sim uma outra forma de desperdiçar tempo e recursos. E, no final, você vai estar no limite, com o deadline sendo a arma apontada para sua cabeça, e você recorrendo apenas à duas saídas, ao invés de outras 146 formas.
Ou seja, como nos explica a Lei dos Rendimentos Decrescentes, no fim, você poderá tomar decisões piores, porque o rendimento já ficou negativo.
“Em qualquer processo onde se compara insumos e resultados, existe um momento onde adicionar mais insumos, enquanto mantém as outras constantes, vai fazer com que o resultado geral diminua ou seja pior.”
Segundo essa lei, temos 3 pontos importantes para tomadas de decisões:
- Momento mais produtivo: é o momento no qual o input de decisões e ações eleva a produtividade, sendo importante investir tempo e esforço. Este crescimento vai até determinado ponto, no qual atinge-se um ápice produtivo;
- Momento de retornos diminuídos: após atingir este ápice, cada adição de input gera um decrescimento de produtividade. Ou seja, é o momento de parar!
- Retornos negativos: é o ponto de virada para uma curva negativa nos rendimentos. Você para de ter um retorno do esforço, bem como há uma diminuição do output. ❗Alerta vermelho aqui.
Como ter o equilíbrio neste ponto?
Uma análise de Custo de Atraso para o processo de decisão se aplica bem aqui. Isso está alinhado com uma gestão Lean, no qual você deve pensar no impacto econômico do atraso na entrega de um projeto.
Para este cálculo, você deve pensar no custo que isso terá. Por exemplo, se um determinado projeto trará R$15.000,00 por semana para o negócio, deverá considerar essa perda no seu orçamento pelo atraso. Compensa? Isso dependerá das estratégias aplicadas na sua empresa.
Os processos de decisões envolvem uma série de análises. E pessoas que lidam com gestão precisam ter atenção para encontrarem o ponto certo de equilíbrio, evitando síndromes de Coelho da Alice, bem como atrasos desnecessários no dia a dia.
E, no final, só a experiência para dizer o quanto ir mais para um lado ou para o outro. Afinal, a cada hora o ponto de equilíbrio será diferente. 😅